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quarta-feira, 7 de junho de 2017

A Natureza é uma manifestação do Divino



A Natureza é o primeiro degrau da viagem espiritual.

A Natureza é uma manifestação do Imanifesto, do Divino.

A esse nível, somos transportados da superfície da realidade comum, deixamos para trás, ainda que temporariamente, a dualidade da perspectiva do “ego” e recebemos lampejos da Unidade da Realidade Divina.

Muitos de nós temos tido destes momentos de esquecimento de nós mesmos, um sentimento de unidade cheio de alegria e de gratidão, talvez quando encaramos um belo nascer ou pôr do Sol, de estarmos imersos na luz da Lua Cheia, rodeados por um deserto que de repente floresce ou de estarmos sozinhos no topo duma montanha nevada. 

Estes momentos são inesquecíveis e instilam uma convicção absoluta na existência duma Realidade Superior que abrange e envolve tudo.

“Conhecemos” então essa Essência Divina em nós e à nossa volta.


Este nível de consciência conduz-nos, finalmente, ao segundo nível de contemplação das coisas que não são vistas pelos sentidos, mas directamente “por um simples relance do espírito”, que é o resultado da oração contemplativa profunda e silenciosa ou “oração pura”que apenas é possível mover-se entre estes níveis abrindo mão, gradualmente, de todos os pensamentos, imagens e formas (por ouras palavras, do “ego”, o nosso pensamento do lado esquerdo do cérebro).

É uma mudança da multiplicidade para a simplicidade e para o silêncio puramente pela repetição da “fórmula”.


A chave – prestar uma atenção monofocal ao momento – está longe de ser fácil.


Muitos de nós, quando enfrentamos uma mente cheia de pensamentos e imagens, chegamos à conclusão de que “isto não é para mim!”
Não consigo fazer isto!” e desistimos.


Não somos os únicos. Plotino (205 – 270) – uma grande influência sobre o Cristianismo inicial – dizia: “Como é que, tendo tão grandiosas coisas dentro de nós, não as percepcionamos?... Como é que certas pessoas nunca as activam de todo? “


Mas nós temos a escolha de desistir ou de perseverar.


João Cassiano sublinhava a importância da livre vontade nesta passagem: “Consequentemente, mantém-se sempre no ser humano uma livre vontade que pode ou negligenciar ou amar [..]; a Graça.


Esta citação mostra que é necessário, não apenas prestar atenção, mas também a Graça.

Não podemos entrar nesta mais alta consciência apenas através da nossa força de vontade.

 
Precisamos do apoio do Espírito Cósmico, que nos alcança através da parte espiritual do nosso ser. 


Este dom do apoio do Espírito Cósmico/Santo é o que chamamos “Graça”, na Tradição Cristã. 



Como explica Evágrio: “O Espírito Santo tem compaixão da nossa fraqueza e, embora sejamos impuros, Ele vem muitas vezes visitar-nos. 

Se encontrar o nosso espírito a rezar a Ele, por amor à verdade, então, desce sobre nós e dispersa todo o exército de pensamentos e de raciocínio que nos cerca.” 


A parte importante nesta citação é “se encontrar o nosso espírito a rezar a Ele, por amor à verdade”.


Pois, para este dom da graça nos alcançar, a nossa Intenção, o nosso desejo de nos religarmos à Realidade Superior “o nosso amor pela verdade” – desempenha um papel ainda mais importante do que a atenção monofocal sobre a nossa palavra. 

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