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domingo, 12 de julho de 2015

A importância do Caminho e o Abismo





A importância do Caminho e o Abismo

Porque tem de haver um Caminho?
Porque demora tanto tempo a percorrer?
Porque não ficamos iluminados quando tomamos essa decisão ?

Já alguma vez sentiram o mundo a desmoronar-se à vossa volta?
Já alguma vez sentiram vos faltar a terra debaixo dos pés ?
Já alguma se sentiram cair num poço sem fundo?

Se as circunstâncias se proporcionarem,
eu encontrarei onde a Verdade está escondida, 
apesar de sempre ter estado no centro.
William Shakespeare, Hamlet


O homem nasce inocente e desapegado, é uma criança ignorante.
Cresce e vai ficando menos inocente e mais apegado aos outros, ao mundo e às coisas.

O seu ego cresce em proporção a esse apego continuo durante a vida.
Apegos a pessoas, bens, seitas, grupos, enfim tudo onde a pessoa encontre conforto, protecção e segurança.

A maioria morre assim, apegado, poucos abrem os olhos em vida.

Quando o fazem, percebem que estão apegados a algo 'errado' e o quão dificil é se fixarem no algo 'certo' para onde por um breve instante abriram os olhos.

O apego é feito ao longo de anos, torna-se um hábito de vida, por isso o desapego demora o resto da vida e não se faz de repente.

Ficamos horrorizados ao perceber isso, que andávamos enganados e precisamos de começar do principio e que antes de atingirmos a paz do 'certo' existe a instabilidade, a escuridão, a 'morte' do velho e as dores da transformação pelo meio. 

O processo nada tem de pacifico e estável.


Existe um fase crucial  no caminho, chamada de Abismo.

É a fase onde o velho apego começa a enfraquecer.
Ficamos sem o velho e ainda....não estamos fixados no novo.

É um horror, um sentido de perda horrível.
Parecemos uma criança a quem tiraram um brinquedo.

Parece o fim do mundo. 
E agora ? Sem o que tinhamos 'agarrado' durante anos , ficamos com quê?

O racional podia dizer: Não estejas assim deprimido, se o velho apego era falso, afinal nada perdeste, pois era tudo uma ilusão, um sonho mau.

O problema é que estamos agarrados a esse sonho mau como estamos agarrados a todos os outros sonhos que queremos que sejam reais para nossa segurança.

O nosso ego quer estar seguro a alguma coisa, precisa de uma rede de protecção, resiste ao vazio, à mudança.

Sem isso, o homem pode resvalar perigosamente para o Abismo, seja ele depressão ou mesmo suicidio.


Prefere uma dor familiar a uma Luz desconhecida.

Se o desconhecido se encaixasse na rotina do velho, tudo bem, senão preferimos a dor habitual-familiar.

Ter dor de dentes, é bom, significa que temos dentes, é habitual...

A solidez do nosso mundo a que estamos apegados, mesmo com suas dores e irritações, serve para confirmar a nossa existência, temos um ego, somos alguma coisa...do ponto de vista do ego isto é mais  importante que tudo o resto.

Pensamos que ser alguma coisa é melhor que ser Nada!     Mais uma ilusão !


Ser alguma coisa=Ter apego a algo.

Ser Nada= Ser ele mesmo, desapegado de tudo.

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