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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O Bardo Thodol - Livro Tibetano dos Mortos 1



      O Bardo Thodol - Livro Tibetano dos Mortos


Parte 1


Bardo Thodol e Reflexões sobre a morte 


Será este livro a Arte de Morrer ou a Arte de Viver ? 

Será que este livro responde às eternas perguntas :
Quem sou ou o que sou ?
Porque nasci ?
Qual o meu destino?
Porque existe nascer e morrer?

‘O Bardo Thodol é um processo de iniciação cujo próposito é o de restaurar na alma a divindade que ela perdeu ao nascer’.
Carl G. Jung

Contra a sua vontade ele morreu, porque não aprendeu a morrer.
Aprende a morrer e aprenderás a viver, pois ninguém aprenderá a viver se não tiver aprendido a morrer.’

Livro da Arte de Morrer

‘Tudo o que existe aqui, existe lá.
Aquele que estranha o aqui, encontra morte após morte.
Quem compreende o aqui deixa de estranhar e vive.’

Upanishads

‘Ensaia a morte se queres ser livre.
A pessoa que aprendeu a morrer desaprendeu de ser escravo’.

Séneca, Cartas de un Estóico

‘Quer saber o que é a morrer ? Pense na coisa que considera mais valiosa e largue-a!
Isso é a morte’.

Krishnamurti

‘A morte está sempre a observar-te, quando pensas que tudo vai mal, a morte diz-te que estás errado, que nada interessa fora do seu alcance, que ela ainda não te tocou.’
Carlos Castaneda 

‘Esta vida de um dia, é uma vida para celebrar.
Mesmo que se viva um só dia, se se estiver acordado para a verdade, esse único dia é muito superior a uma vida eterna ...se este dia numa vida de cem anos se perde, conseguir-se-á alcançá-lo de novo?’

Dogen

‘Morremos do modo como vivemos’.
‘Olhei a morte a direito nos olhos e os seus olhos eram bondosos’.
‘O modo como lidamos com as nossas mortes diárias associadas às perdas e às mudanças diz-nos muito da situação que iremos enfrentar na nossa morte fisica’.
Existe alguma Revelação escondida que seja espectacular-bombástica na vida ou apenas pequenos milagres-iluminações diárias que ocorrem inesperadamente no escuro das mortes diárias ?’
‘A morte não acaba com a Vida, pois esta é mais importante que a morte’. 
‘ Morrer sereno é ter confiança e ter-se abandonado’.
Na morte há um segredo ‘‘simples’’ que se revela pelo modo como se vive a morte’.
Ditos populares


‘Deviamos estar felizes por virmos a morrer.
O verdadeiro problema era se vivêssemos eternamente’.

Koan Zen

Estás no mundo mas não pertenças a ele, e sê como morto nele’.
Jesus

‘A boa morte é chegar onde começámos e conhecer o sitio pela primeira vez’. 
T.S. Elliot

Um amigo de Platão, quando este estava perto da morte, pediu-lhe para resumir o livro da sua vida, os Diálogos.
Platão saiu do estado de coma e respondeu : ‘Pratica a morte’.


O guru tibetano Milarepa disse : Combina num todo único a meta da aspiração, a meditação e a prática e atinge a Compreensão pela Experimentação. Considera como única esta vida, a próxima e a que se interpõe entre elas e acostuma-te a elas como se fossem uma só. 




Morrer com ideias preconcebidas ou não??


Será que se deve morrer com ideias preconcebidas e não vividas sobre esse momento, por exemplo crenças religiosas, que após a morte fisica se vão ver Anjos, Deuses, Demónios, Santos, Alá,etc...?
A pessoa deve saber morrer sem ideias ou arquétipos preconcebidos, sem nada que a prenda e interfira com a força desse momento para o poder ‘viver’ com toda a sua humanidade.

É a sua humanidade que a liga a Deus não as suas crenças.

Quem acredita na morte como uma experiência espiritual e nela ‘espera ver-alcançar’ algo distinto do que vivenciou em vida, consoante suas crenças, será que morre de modo ’real’ ou ‘ilusório’ ?

As suas definições (crenças) espirituais não irão impedir que ‘viva’ esse momento como uma experiência real ?
Esperar algo que pode não se concretizar não será esse o 1º passo para tornar esse momento decisivo sem a paz que merece mas apenas intranquilo e angustiante ? 

Não será melhor politica seguir os conselhos de um doente terminal que dizia:
‘Eu não sei o que me espera, mas vou estar de olhos bem abertos’.

Desengane-se quem pensa poder enganar a morte, ela nunca se deixa enganar.

Por isso se aconselha a encarar a morte tal como entrámos no mundo, de mente pura, vazia, inocente como uma criança desapegada do mundo, sem expectativas boas ou más, sem lutar contra nada, nem criar ilusões ou expectativas mas apenas estarmos sintonizados com as coisas tal como são, como acontecem.
Sintonizados e atentos tal como estivemos em vida.

O significado que damos á nossa morte e ao morrer é uma indicação da nossa postura-atitude em vida.

Quem morre em paz e sereno não luta por significado nenhum nesse momento, porque simplesmente viveu esse significado em cada dia da sua vida e agora é apenas uma nova fase mas com o mesmo significado de sempre!

No momento da morte não há como recuar, não se pode voltar para trás, é dar o passo em frente, o passo final para atravessar uma porta que nunca se passou antes, sem garantias, sem certezas, sem seguranças. 

Caminhamos passo a passo, não a partir do medo, mas a partir do nosso coração, porque o grande Mistério está em abençoar cada passo.
Os corações abertos compreendem esse Mistério e sentem alegria.

É esse o Mistério de finalmente, após uma vida plena de crescimento-sabedoria espirituais, regressar a si próprio, regressar a Casa do Pai como Seu filho querido, não para ser igual ao Pai como quis Lúcifer mas para com ele cooperar.


Assim a nossa morte será a continuação da nossa vida, será o passo seguinte do nosso crescimento espiritual, pois se em vida conseguimos ‘abrir os olhos’ e adquirir uma nova ‘atitude’ e um novo ‘significado’ para a vida, aproveitando o nosso potencial como ser humano para lidar com os desafios da vida e para crescermos em espirito, no momento da morte essa ‘atitude/significado’ é mantida e serve de ponte para entrarmos em paz e serenidade, sem ideias fixas nem expectativas arquétipo-filosóficas, numa nova fase do nosso crescimento espiritual.

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