O intelecto e as dúvidas
O homem mundano é uma imagem da vontade própria.
O homem puro não tem anseios ou dúvidas, está em paz.
O homem mundano, ao se prender a uma falsa imagem, está em permanente instabilidade, precisa de algo mais mas não sabe o quê, cria ânsias e medos e desenvolve o intelecto para dar solução a este seu dilema.
Assim neste mundo o nosso mestre é o intelecto, a razão e por ele somos conduzidos.
Mal conduzidos,porém,pois quem afinal nos conduz é a vontade do mundo e não a Vontade de Deus, pois o intelecto tem similitude com a primeira mas não com a segunda.
E a vontade do mundo parecendo satisfazer o nosso ego não satisfaz a nossa alma ( ligada à ‘outra’ Vontade) e daí a nossa continua insatisfação e angustia em busca de algo mais que nos dê enfim a paz que desejamos.
O erudito primeiro reflecte se está disposto a caminhar para o Templo, todavia fora do Templo, a pobre alma fica em duvida pela instabilidade intelectual.
Ela bate á porta, procura e continua duvidando que esse seja o caminho certo e hesita, hesita de novo.
Esta permanente hesitação,
de saber que tem de entrar no Templo mas não consegue dar o derradeiro passo
para isso, cria medo e arrependimento pela maldade que foi introduzida na alma,
pois a alma pensa a todo o momento: Se tu não tivesses feito isto ou aquilo,
poderias alcançar o que aspiras, a Graça de Deus.
Assim se vê como a essência
do mal instalado, provoca a dúvida eterna.
Ou seja, quem muito pensa,
muito hesita e duvida e não age, falta-lhe a coragem do salto para o abismo, da
entrega incondicional da vontade.
Eu poderia passar toda a
minha vida sentado, ouvindo alta teologia, sermões, doutrinas espirituais
diversas, ouvir cantar e pregar sobre o reino do céu e a ressurreição, mas se
nada fizesse além disso, de nada me adiantaria e seria sempre o mesmo homem e nunca
me transformaria num homem novo.
Ó pobre alma, deixa de lado
todos os posicionamentos ou condicionalismos deste mundo pois tudo não passa de
jogos do intelecto.
Não é pela discussão nem por
um intelecto brilhante que encontrarás a resurreição e a pedra preciosa.
Deves deixar de lado tudo o que há neste mundo, por mais reluzente que seja, e mergulhar em ti mesmo, concentrar-te sómente em juntar teus pecados, aos quais estás preso, para depois os atirares á misericórdia divina e buscar refúgio em Deus, pedindo-lhe perdão e que o seu Espirito te ilumine.
Em vez de te perderes em
discussões altamente eruditas, mete mãos á Obra!
Entrega-te com humildade e
Ele abrir-te-á o coração.
Não te preocupes sequer quanto
ao melhor local para essa abertura, Ele está em todos os lugares onde tu estás.
Não deves cessar de dizer: Não desisto de Ti, seguir-te-ei sempre por mais escuro que seja o caminho, que a minha vontade se torne a Tua!
Não deves cessar de dizer: Não desisto de Ti, seguir-te-ei sempre por mais escuro que seja o caminho, que a minha vontade se torne a Tua!
Nunca dês espaço ao
intelecto para dizer : Eis meu tesouro, é meu, tenho bastante, mas quero juntar
mais para ser respeitado no mundo e poder deixar muitos bens a meus filhos.
O intelecto almeja o
Paraiso?
Diz-lhe que se Deus está contigo,
estás no Paraiso e assim para quê almejar algo que sempre existiu e nunca se
perdeu?
Ganha coragem e dá o salto do mergulhador !
Tudo o que fica para trás é nada!
Tudo o que re-encontras é o Necessário!
A dor e o sofrimento
Quem tem fé em Deus e é humilde nessa senda encara as aflições
deste mundo ( dores fisicas, perseguições, calúnias, enfermidades) com paciência entregando tudo nas mãos e na
misericórdia divinas.
Nada disso prejudica a alma, pelo contrário lhe faz bem, pois
enquanto estiver na casa da tristeza não estará na casa do pecado ou na soberba
do mundo.
Através da aflição Deus a mantém sob controle, protegendo-a
do pecado.
E mesmo que tenha de se afligir por um tempo, que importa ?
Que
conta um tempo finito de aflição quando nos espera um tempo eterno de alegria
divina ?
É perfeitamente notável como o reino do céu actua na fé dos piedosos.
Quando estes são confrontados com as aflições do mundo, emergem na esperança da misericórdia divina e ali permanecem como belas rosas
entre espinhos, até que o reino deste mundo, pela morte fisica, se desprenda
deles.
Mais um belo post!
ResponderEliminarMuito forte
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