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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Lúcifer, sua Luz e suas trevas



Lúcifer, sua Luz e suas trevas
Segundo Jacob Boehme 

Lucifer foi um dos três Anjos ( Miguel, Uriel e Lucifer ) criados por Deus para Sua Glória eterna, Deus quis dar-lhes mais ‘consistência e densidade’ para que a Luz pudesse ser mais brilhante e o ‘som corporal’ mais alto para o reino da alegria crescer em Deus.
Deus criou-os de Si mesmo, do seu próprio núcleo, dai a grande Força deles.
Não eram espiritos novos mas sempre ‘existiram’ em ‘potência‘ no Pai.
Um Pai espera que seus filhos criados à sua imagem cumpram as suas leis enquanto moram em sua casa e não desrespeitem quem lhes deu origem.

Que se passou com Lucifer que de Anjo de Luz passa a demónio das trevas ?
 
Lucifer era um Principe muito belo, muito querido pelo Pai Criador.
Se tivesse se comportado como um filho humilde perante seu Pai teria ficado à semelhança dos seus ‘irmãos’ Miguel e Uriel a presidir aos Reinos de seu Pai.
Acontece que nesta criação a partir do próprio nucleo de Deus e devido a uma maior ‘consistência corporal’ emanada (era essa a intenção divina como se disse acima), surge uma Luz mais intensa e brilhante, como que um relampago mais brilhante que antes.
Lucifer ao ver esse relâmpago mais brilhante que dele irradia, ilude-se e pensa (erradamente) que esse ‘brilho’ é de tal grandeza que lhe permite se elevar ‘acima’ de quem o criou em vez de ficar quieto e humilde a ‘jogar’ com o Pai.



O ser humano quando lhe acontece, por mérito próprio ou acaso, ter um grande êxito e sucesso (ver nascer um ‘relampago’ fora do normal na sua vida), ‘enche o peito’ com orgulho e tende a se glorificar e a pensar acima das suas próprias capacidades em vez de humildemente ficar na ‘sombra’ desse êxito a ‘gozá-lo’ interiormente.
Essa tendência surge de nos persuadirmos que somos ‘super-homens‘ nesse momento e capazes de ser o Pai, de ser capazes de criar sem limites, nada existe nesse momento que nós no nosso orgulho e ambição não pensemos ser capazes de realizar .
Esta analogia humana serve para ter uma ‘vaga’ noção do que se passou com Lucifer e se passa todos os dias com o ser humano.
Lucifer, como espirito antigo e não novo (no sentido que sempre existiu em ‘pensamento’ na Divindade eterna), sabia muito bem :
--- Que não era o Deus Universal e Total , apenas uma porção ou centelha Dele.
--- Que tinha sua própria zona de dominio e até onde se estendia, não lhe pertencia o ‘espaço’ inteiro universal e aí devia se harmonizar e se qualificar com tudo o que estava fora do seu espaço, da sua zona.
--- Como foi engendado pela Divindade.
--- Como o Coração ou Flho de Deus, a sua ‘faceta’ de Amor e Luz tinha a primazia na Divindade, ou seja, ninguém seria capaz de usurpar este lugar por mais forte, tenebroso e ambicioso que fosse.
--- Que a Divindade se engendrava ‘fora’ do seu ‘corpo’(de Lucifer), como fizera desde toda a eternidade.


Mas cego pela força do brilho da Luz que dele irradiava, não quis ficar apenas no seu dominio mas na sua ambição quis alargar esse dominio e ser ele próprio o Rei acima do Criador, dominar a Deus e não ter rival.
Não quis ’jogar’ o jogo cordial com Deus, o ‘jogo’ eterno de Deus antes da criação dos anjos, onde as criaturas dispõem das suas configurações, formas e vegetações, onde até as podem quebrar para sua diversão mas sempre ‘dentro’ do jogo com Deus.

Deus se é Deus não deveria ter conhecimento ‘prévio’ que esta situação se ia passar?

Não, se soubesse haveria uma premeditação para isto acontecer e não uma luta e combate, uma inimizade de Lucifer contra Deus, mas Lucifer teria sido criado já assim desde o inicio, pois assim estaria ‘determinado’.
Mas de facto Deus ‘sabia’ ... Deus é Totalidade, Luz-Amor e Cólera, Deus não sabia segundo seu Amor (a partir do qual Deus é chamado de Deus) mas sabia segundo sua Cólera.

Deus afinal tem mal e bem, Amor e coléra ?
 
Não, se chamarmos Deus apenas ao Deus do Amor que apenas vê o Bem e não o mal.
Mas na sua Totalidade, na expressão da sua Palavra, onde a Natureza do mundo espiritual se origina, onde é concebida a tangibilidade e onde Deus chama a Si mesmo de Deus colérico e devorador, ali Ele de facto soube desde toda a eternidade que, se um dia Se movesse nessa fonte ou qualidade colérica, ela também se tornaria criatural.
Contudo, aí Ele não é chamado de Deus mas um Fogo devorador.
Lucifer conhecia a majestade mas não a Palavra do centro de Deus e ‘equivocou-se‘, pensou ser fácil substituir o Pai mas desconhecia todo o potencial eterno da Palavra e da cólera da Natureza e sobretudo da primazia do Filho,do Coração do Amor de Deus sobre outra qualquer emanação divina.


O Bem e o Mal existem na criação como que numa ‘magia’ divina, cada um conhece apenas o que lhe é próprio, a sua própria fonte, o Amor a ciência do bem, a cólera a ciência do mal, só Deus apreende o Todo.

Deus tentou evitar este combate ?

Deus, a fonte de Amor tentou evitar a ‘loucura’ de Lucifer mas a Luz de Deus foi rejeitada e desprezada.
Assim como o ser humano rejeita, no auge do seu sucesso, que algo lhe pode escapar e que ele tenha de obedecer a alguem na sua euforia louca (faz orelhas ‘moucas’ a todo o conselho de ‘acalmia’ seja de pais ou amigos) .

Lucifer tinha força para se opor assim a Deus, seu Criador afinal ?

Sim, porque não era uma criatura qualquer, tinha origem no próprio núcleo de Deus, era uma poderosa emanação da Divindade e daí a sua força, era Deus (gerador) contra Deus (produzido), forte contra forte.
Lucifer quis ter a primazia na inteira Divindade e foi castigado e a sua zona considerada terreno pestilento e morto.
Como isso ocorreu ?
Por Lucifer ter levado a Divindade à cólera (ter inflamado a Natureza eterna em seu primeiro principio) assim Deus teve de ‘recorrer’ a essa Sua ‘faceta’ de Natureza eterna e colérica e despertar a Sua própria inflamação, as Suas qualidades coléricas que cobriram Lucifer com essa Cólera, Cólera essa que era ‘fora’ e ‘acima’ da de Lucifer e o remeteu para as Trevas pois da água seca e inflamada pelo Fogo só resulta cheiro pestilento e não Luz alguma como pensava e queria Lucifer .


A cólera de Deus não toca o núcleo mais ‘interno’ da Divindade, o Filho de Deus e muito menos a oculta santidade do Espirito Santo mas chega á geração donde Lucifer foi criado.

Lucifer era muito próximo de Deus, era seu filho querido, assim o ser humano é um filho querido de Deus e deve atentar no que envia a seu Pai.
Assim como Lucifer pôs a cólera de Deus em movimento (que sem isso teria permanecido oculta por toda a eternidade) assim o homem também o faz quando pensa que está acima de tudo com o seu orgulho vaidade e ambição desmedida e resultando daí a terrivel cólera que ainda predomina neste mundo material.
Ambos filhos com livre arbitrio e que serão aquilo a que se agarrarem, ao bem ou ao mal.
Todo o homem é uma estalagem onde reside Lucifer, o segredo é mantê-lo hospede para assim o mantermos tranquilo e domesticado, caso percamos as rédeas e se o deixamos ser mestre de nós, da nossa estalagem, então temos a estalagem devastada.

Lucifer permanecerá eternamente afastado de Deus no fim dos tempos ?

Alguns dizem que será o homem redimido que ocupou o reino de Lucifer por lei divina que um dia fará a redenção total e deixará de haver separação entre Luz e trevas e tudo regressará à Unidade.
Outros dizem que não, que haverá separação eterna das águas.
Argumentam que Lucifer não foi expelido eternamente aquando da sua rebelia porque existia ainda um núcleo ‘puro’ nesse reino de Lucifer e Deus queria aí colocar o ser humano para usar esse nucleo como ‘semente’ para ‘limpar e resgatar’ espiritualmente esse reino e só então deixar Lucifer e os espiritos das trevas restritos eternamente à escuridão e dor eternas no local onde hoje existe a terra onde serão deuses para eles próprios, prisoneiros em sua própria prisão e jamais verão a Luz de Deus.


O sábio dirá que bastará o homem cumprir a sua missão de combate espiritual enquanto vive na terra e deixar tais altas especulações teóricas para quem sempre tratou delas !

Sem combate nesta vida é que nada se consegue, de que servem altos conhecimentos se não levam o homem ao combate, de que serve o combate fugaz e não contínuo se não rompe a barreira da escravidão do homem perante Lucifer e suas tentações mundanas?

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